Em 13 de março de 2014 -
A propósito das eleições para Governador do Rio de Janeiro.
A propósito das eleições para Governador do Rio de Janeiro.
Comício da Central do Brasil de 13 de março de 1964 |
Brizola acena ao ser ovacionado no Comício da Central |
Na re-democratização consentida,
com salvaguardas aos golpistas, torturadores e instituições que os apoiaram, a manipulação, o
medo e a cumplicidade de oportunistas não permitiriam que houvesse outro
presidente trabalhista no Brasil.
Os presidentes trabalhistas,
Vargas e Jango, falavam para o povo fora do período eleitoral. Os presidentes
atuais falam para os investidores estrangeiros ou para o "mercado".
Click aqui para ouvir dois minutos do discurso de Jango na Central |
É lamentável a crise no PDT: passados
quase dez anos da morte de Brizola - a falta da referência daquele norte que
ele simbolizava - tornaram mais difíceis nossas decisões e ainda mais difíceis
os nossos consensos. Recentemente perdemos 1/3 de nossa bancada federal, agora reduzida para 18 deputados.
É absolutamente natural e comum que existam tendências e grupos que pensem estratégias políticas diferentes e que, portanto, disputem a maneira de conduzir um partido e a realização de seu programa. Respeitar as divergências é a chave para o convívio democrático, é a chave para o crescimento de um partido. Mas, o respeito a regras democráticas consensuadas é imprescindível para a união na diversidade. Assim sendo, o horizonte do debate, bem como os seus limites, são a democracia interna e o programa do partido.
É absolutamente natural e comum que existam tendências e grupos que pensem estratégias políticas diferentes e que, portanto, disputem a maneira de conduzir um partido e a realização de seu programa. Respeitar as divergências é a chave para o convívio democrático, é a chave para o crescimento de um partido. Mas, o respeito a regras democráticas consensuadas é imprescindível para a união na diversidade. Assim sendo, o horizonte do debate, bem como os seus limites, são a democracia interna e o programa do partido.
No nosso caso, a situação é complicada do ponto de vista do processo democrático. Mas, ao programa ao qual aderem todos, se soma um patrimônio trabalhista inestimável, que
podemos chamar de “legado brizolista”. Trata-se da memória viva, das corajosas
posições que Leonel Brizola assumiu em favor do povo brasileiro em tantos
momentos cruciais da história do Brasil, oferecendo inclusive a própria vida. Brizola
retomou após o Golpe de 64 o ideário de Getúlio e Jango.
É com esse programa e esse legado que contamos neste momento em que enfrentamos um
quadro preocupante no estado do Rio de Janeiro. O apoio incondicional e a
aliança política que a direção do PDT estabeleceu com o Governador Sérgio
Cabral podiam ser entendidos há alguns anos; hoje queremos compreendê-los, pois
temos clareza que não há nada mais antagônico ao programa do PDT do que a
prática do Governo Cabral. Na antevéspera de um processo eleitoral, parece
inoportuno manter o partido atrelado a um projeto político elitista e
sanguinário, que implementa uma política de segurança violadora dos direitos
humanos, que inverte prioridades agravando o problema da mobilidade urbana e abandona
a inegável contribuição brizolista para o desenvolvimento e universalização da
educação e da saúde pública.
Nós queremos dizer que respeitamos os
quadros partidários que prestam seus serviços no Governo Estadual, e tendem a
apoiar o candidato do PMDB ao governo, mas queremos convocar todos os bravos brizolistas
que ainda compõem o PDT do Rio para cedo despertar, como nas madrugadas
trabalhistas a que nos levava Brizola ante o busto de Vargas, onde líamos a
carta-testamento.
Fazemos um apelo aos companheiros num
clima elevado para que revejam, pois, essa posição. Por fragilidade eleitoral,
está também descartada uma candidatura própria. Por essa razão, mais do que
nunca, devemos procurar, no grave momento pelo qual passamos, com milhões de
pessoas insatisfeitas, que se manifestaram nas ruas em uníssono contra esse
governo estadual, uma candidatura de esquerda que se comprometa publicamente
com um programa mínimo na educação, na saúde e na segurança pública, que
Vargas, Jango e Brizola subscreveriam.
Essa posição será bem entendida pelos trabalhistas e brizolistas dispersos, pelos simpatizantes e eleitores do velho PDT de Brizola,
que tantas vitórias nos deram. Sobre ela reconstruiremos um partido capaz de
viabilizar candidatos majoritários para oferecer ao eleitorado do Rio num
futuro próximo.
Assinam: ex-Ministro Brizola Neto e ex-Secretário Eduardo Costa.
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