terça-feira, 4 de março de 2014

WELLS E WELLES

Uma dupla do barulho.

Com esse título, Franklin Cunha, médico e escritor gaúcho, discute a política brasileira, face aos profetas da catástrofe econômica que se avizinharia. Achei muito interessante, porque nada mais ridículo hoje do que os comentários econômicos publicados nos jornalões, mas sugiro que a leitura seja acompanhada de outra, de João Sicsú, publicada na Carta Capital online, veja aqui.

Eis o artigo do Franklin:

Para formar  e formatar a opinião da coletividade em que atua, os meios de comunicação sempre contam com a ausência de conhecimentos históricos, políticos e econômicos de quem os lê, vê e ouve. Uma vez que torna  tão desvalida e inerme sua pretensa  massa crítica, aprofunda sua situação acrítica e não tem nenhum interesse em retirá-la do limbo dos desconhecimentos e das desinformações.

Orson Welles ao tempo de radialista.
Era com esta situação do povo americano que contava Orson Welles quando dramatizou pelo rádio a novela de Herbert George Wells  “A guerra dos Mundos".  Corria o ano de 1938, os EEUU ainda não tinha se recuperado da grave crise econômica da década, estava às vésperas da segunda guerra do século, desencadeada pelas potências imperialistas de turno, os americanos se encontravam muito nervosos, inseguros e num absoluto estado de graça do que verdadeiramente se passava em seu país e no mundo.

Welles então, elaborou um programa de rádio que criou o pânico em milhões de americanos de costa a costa. O rádio à época era ouvido em todas as famílias do país que se juntavam em torno dele depois da janta para se entreter, que ninguém se dispunha ouvir notícias desagradáveis depois de um dia estafante de trabalho. De repente, desse eletrodoméstico amigo, aconchegante como o gato ou o cão da casa, surgiram notícias de avassaladora destruição apocalíptica. Hordas de marcianos estavam invadindo a terra. O gênio histriônico de Welles a relatava com grande convicção e assim despertou sentimentos que certamente estavam em algum lugar secreto da consciência da população.E estes eram, certamente temores, terrores e incertezas quanto ao futuro da sociedade americana.

O momento histórico que estamos vivendo em nosso país, está sendo midiaticamente profetizado por incertezas, dúvidas, pessimismo e mesmo por previsões da invasão de uma horda de leis restritivas às conquistas populares criadas pelos últimos governos e originadas, tais leis,  no espaço  sideral do governo planaltino para depois das eleições. As más previsões, até já usufruem do gozo de sermos derrotados fragorosamente na esperada disputa esportiva do próximo mês de junho.  


Mas, sendo evidentes e incontestáveis os progressos sociais como o pleno emprego, o aumento do consumo de bens e serviços devidos à entrada no mercado de 40 milhões de brasileiros, a inflação controlada, as excelentes safras, a extensão de cuidados médicos todos os rincões do país, fica difícil, portanto, diante de todos esses fatores positivos, insuflar nas diversas camadas populares, o pessimismo, a desesperança e o pânico desejados por alguns setores políticos. Nem mesmo conseguem modificar as preferências eleitorais comprovadas nas muitas pesquisas já realizadas.


E depois, cá para nós, os arautos do catastrofismo que excretam diariamente previsões de desgraças e desalentos por certos meios de comunicação, não têm, nem de longe, a genialidade da dupla Wells e Welles, realmente uma dupla do barulho.

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